sexta-feira, 20 de junho de 2014

Mediadores de leitura em destaque: CRISTIANE GOMES



Fazer o que se gosta é "tudo de bom". Porém, "tudo de melhor" é encontrar grandes parceiros para compartilhar, discutir e construir ideias e projetos. A professora Cristiane Gomes, minha colega de Português no CMEB Edwiges Fogaça, é uma mediadora de leitura apaixonada por literatura e que gosta de lançar desafios aos seus alunos. Formada em Letras na UNISINOS, atualmente cursa especialização em Língua, Literatura e Novas Mídias, e atua como professora de língua portuguesa nas escolas Clovino Soares e Edwiges Fogaça na rede municipal de Esteio. Entre os projetos de leitura literária desenvolvidos pela professora nas escolas, recebeu, em 2012 e 2013, destaque na Feira Municipal de Ciências e Ideias do Município de Esteio, e, no último ano, o projeto literária a partir do livro "É tarde para saber" do escritor gaúcho Josué Guimarães, participou da Mostratec Júnior, mostra de trabalhos do Ensino Fundamental vinculada à maior feira de tecnologia da América Latina, a Mostratec, realizada pela Fundação Liberato, de Novo Hamburgo.
Cristiane é a primeira entrevistada no "mediadores de leitura em destaque", espaço onde vamos conhecer o trabalho e a trajetória de quem constrói pontes e afetos entre o livro e o leitor.
 
1 - Conta um pouco pra gente a tua história de leitora desde a infância.
Minha relação com a leitura é algo mágico! Mesmo tendo uma infância pobre e desprovida de livros, tenho uma avó cuja imaginação ultrapassa as fronteiras do concreto e invade o universo do fantástico! Recordo das histórias de assombração que ela contava (e ainda conta) e de como aqueles seres imaginários foram importantes no meu crescimento e perambulam em minha memória ainda hoje. A fascinação que me envolvia como ouvinte é a mesma que vejo hoje nos olhos de meus alunos ao contar-lhes uma história. Na adolescência, era a poesia que me encantava, o fascínio pelos versos dramáticos de Álvares de Azevedo, estudados nas aulas de literatura, através da voz contagiante da professora, ainda carregava resquícios de uma infância recheada de elementos imaginariamente misteriosos e necessários para uma criatividade tão pulsante.


2 - Qual é o teu livro de literatura favorito? Fala um pouco sobre ele: 
Os livros “de mistério” sempre me fascinaram, mas foi “Incidente em Antares”, de Erico Verissimo, que reavivou a paixão pelo universo do fantástico, por mesclar elementos concretos e absurdos, em que, numa cidade pequena do interior do Rio Grande do Sul, a rivalidade e o ódio entre duas famílias despertam sentimentos intensos, há uma greve dos coveiros e os mortos não podem ser enterrados, de modo que resolvem voltar à praça principal para colocar os “podres” da sociedade para fora, afinal, já não têm mais nada a perder. O universo do real-maravilhoso presente na obra de Gabriel García Marquéz, principalmente no livro “Cem anos de solidão” também me encanta muito.

3 - Qual é o perfil do mediador que estimula crianças e jovens a se tornarem leitores?
Em primeiro lugar, para trabalhar com literatura, tem que ser apaixonado por histórias! Saber contá-las com ênfase e emoção conquista o público neoleitor. E, por fim, intervir, propondo atividades de exploração narrativa que estimulem a interação entre leitor e obra, já que esta ganha vida e múltiplos sentidos através dos olhos e dos sentimentos dos leitores.

4 - Destaca algum projeto/atividade de leitura que desenvolves com teus alunos:
A literatura nos oportuniza entrar em mundos diversos, reais e imaginários. Dessa forma, acredito que é preciso trabalhar com a leitura de obras através das quais os alunos possam se identificar, se apaixonar pelo universo mágico da literatura e ressignificar sua vida e seu papel na sociedade onde está inserido. Dentre tantos projetos de leitura com os quais tenho trabalhado ao longo dos últimos anos, a partir dos quais já criamos muitas reinterpretações de obras literárias, através de teatro, filme, música etc., a obra “Capitães da Areia”, de Jorge Amado, com turmas de 9º Ano do Ensino Fundamental tem possibilitado compreender a vida em sociedade através de diferentes olhares. É um projeto ainda em andamento, cujos frutos de repensar-se enquanto ser protagonista da sua própria vida e ativo na sociedade já estamos colhendo dentro e fora da sala de aula.

5 - Como mãe, professora e mediadora de leitura, qual a importância da literatura na vida da gente?
É evidente que não é fácil competir com um mundo tecnológico em que com apenas um “deslizar de dedos” na tela se tem a resposta pra muitas questões, mas é preciso também compreender que os recursos digitais podem e dever ser nossos aliados na conquista por novos leitores, mas é o mediador, ou seja, o adulto referência, seja ele pai, mãe, tia, avó ou professor, que vai mostrar essa possibilidade às crianças, que, por sua vez, são “seres” sublimes, que estão sempre dispostos a encarar desafios e permitem-se descobertas constantes e se encantam com elas. É preciso, antes de ensinar, aprender com elas, escutá-las, observá-las, para então merecer o passaporte para o seu mundo mágico, onde as histórias ganham vida e tudo o que se imaginar, torna-se possível! Assim, através do olhar do leitor, as páginas ganham vida e a vida significados!

Um comentário:

  1. As professoras Cristiane e Ana Paula são "Show de Bola". Cada dia que passa aprendo mais com elas. Um abraço! Luciére

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