quinta-feira, 14 de março de 2013

14 de março - Dia Nacional da Poesia

Sempre trabalho poesia com meus alunos, porque acredito que "a infância é a poesia da língua", como diz o Manoel de Barros. Numa das atividades, pedi que comparassem a poesia a algum objeto (a ideia era fugir do estereótipo de "poesia é algo ligado a sentimento"), seguem algumas comparações, poesia pura:

Gangorra - porque ali as palavras se balançam;
Vulcão - porque não sei quando vai entrar em erupção;
Museu - só entrando nele para descobrir o que tem dentro;
Lousa - lá escrevem maravilhas e surpresas, novidades e coisas que a gente não sabe;
Panela - nunca se sabe o que vai ter de comida;
Livro - tem que ler para saber o que está escrito.

"Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem. Perdoem-me os leitores desta entrada mas vou copiar de mim alguns desenhos verbais que fiz para este livro. Acho-os como os impossíveis verossímeis de nosso mestre Aristóteles. Dou quatro exemplos. 1) É nos loucos que grassam luarais; 2) Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades." (BARROS, 2010, p.7)


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